segunda-feira, 17 de novembro de 2008

Senhoras e Senhores: O Parto!

Com a cirurgia agendada para as 16h, eu não podia comer nada, nem ao menos beber água, a partir das 8h. E parece que quando temos alguma restrição vem a fome, a sede e tudo mais que não puder fazer.
Futuros PPV (pais de primeira viagem), curtimos cada instante - dos últimos - a sós. Depois de um belo café da manhã, era uma questão de minutos para termos a pequena Luíza nos braços. Aí começaram os devaneios sobre a cor dos olhos, dos cabelos, se ela seria um bebê chorão, ou um bebê meigo. Enfim, não agüentávamos mais aquela espera...
Já no hospital, parecia que estávamos dando entrada em um hotel. Percebi que se tratava de uma maternidade quando uma das funcionárias que me atendeu disse: “Agora você subirá para o quarto e nos veremos no ano que vem.” Como? No ano que vem? “Claro, quando você vier para cá ter o seu segundo filho”, completou a enfermeira. (!!!) Achei divertido (???) e parti para o quarto – depois de toda triagem necessária.
Uau, que quarto bacana. Agora me confundi novamente, maternidade ou hotel??
Depois de alguns instantes entrevista com anestesista, a parte que eu mais temia... Agora chegou um aventalzinho com o qual eu e meus acompanhantes demoramos vários minutos para entender como vestir. E cadê a roupa do papai? Afinal, ele assistirá ao parto. Ah, essa chegou pouco tempo antes de entrarmos no centro cirúrgico.
Chegou a cadeira de rodas! Yes! Nunca andei com cadeiras de rodas, e é bem bacana!! Acho que deve ser assim que a Luíza se sentirá no carrinho de bebê, ela vai adorar!!
Antes de entrar no centro cirúrgico a touca – coisinha ridícula (foto acima)... Mas tudo bem... Despeço de todos e da minha barriga também. Como diria o homem do baú: Abrem-se as portas da esperança... Adorei! Parece que estou entrando no cenário do ER, ou do House. Amei!
Já na sala de cirurgia, chegou o meu algoz, o anestesista. De cara já anunciei meu medo sobre o desconhecido e pedi que ele narrasse todo o processo. Meu médico, tão querido, pediu para que eu debruçasse sobre um travesseiro e não fechasse os olhos, pois poderia vir o enjôo. Um, dois e três. Já comecei a sentir o quadril formigando e voilá – anestesia aplicada, sem dor, sem incômodo, sem problemas. Adorei! Será que a anestesia pegou mesmo. Doutor, por favor verifique se estou anestesiada... Ele disse: “Sentiu isso?” Nada. Ok, estou anestesiada. Ufa. Pode começar.
“Rápido, rápido, coloque a mãe deitada na mesa”, “Chame o pai para ver o parto”, “Tudo OK, vamos começar”. Ai, é agora!
O futuro papai ria – de nervoso. E eu cantava com a música ambiente na sala. Eu ouvia meu médico pedindo ao auxiliar para verificar o meu estado, e ele respondia: “Ela está ótima, está cantando”. Hihihi
O cheiro do bisturi elétrico na carne é um tanto desagradável. De repente uma pressão. O anestesista vem por cima da minha cabeça e ajuda a empurrar. “Pai, venha ver sua princesa!” Flashes. Flashes. Não acredito, Ulysses que tem tantos problemas ao ver sangue, assistindo ao parto. Inacreditável, a paternidade realmente muda a pessoa. Fiquei de olho nele, mas nem se abalou com a cena.
Cadê o choro do bebê? De tanto assistir Home & Health aprendi que o choro no primeiro instante de vida é primordial. Perguntei ao médico o porquê dela não chorar. “Calma mãe, ela já vai chorar.” Assim que ele disse isso, veio aquele som dos deuses, um choro fininho, baixinho, parecia um gatinho miando. Tão meigo, tão fofo. Mas seria normal? O melhor não é um choro forte? “Não mãe, cada criança tem um choro característico. Mas acredite, depois de algumas semanas você vai desejar esse choro baixinho novamente”, falou a voz da experiência... E ele tinha razão...
Mas cadê a nenê? Papai, veja porque está demorando tanto para eu ver a Luíza. Mas havia passado apenas 15 segundos. Parecia uma eternidade. Eu queria vê-la. Eis que a enfermeira traz aquele corpinho de 49,5cm e 3,405kg. Meu Deus, que bebê mais lindo! Nenhum bebê em nenhum dos programas do Home & Health era tão bonito quanto o meu. A primeira coisa que falei foi exatamente isso: Ela é linda! Esse momento eu nunca mais vou esquecer. Minha primeira filha, saiu de dentro de mim, leva minha carga genética, depende do meu corpo para se alimentar e já me olha tão profundamente, reconhecendo minha voz. Nos próximos minutos eu não via nem ouvia nada, apenas a tocava e me comunicava através do olhar.
Os quatro dias e três noites que se seguiram na maternidade foram ótimos. A bebê ia suja e voltava limpinha. Ótimo! Se ela chorava muito era só chamar a enfermeira. Perfeito! Mas isso acabaria em breve. Dessa mordomia eu sentiria falta mais para frente...
Na saída da maternidade ouvi novamente, desta vez do segurança do andar: “Até o ano que vem”. Ok, agora e já sabia o que significava e respondi com um sorriso no rosto: “Até”. O rapaz ficou todo feliz. E eu também. Aliás, com a minha princesa nos braços, nem percebi o que eu tinha respondido. Ano que vem? Será? Acho que não, né?
Depois desses dias sem ver a rua, saí com a Luíza nos braços e esperei o carro chegar. Confesso que senti um medo profundo. Aquele mundo áspero, poluído, agressivo, bactérias, vírus, buzinas, cigarro. Monstros querendo a minha pequena. Respirei fundo, coloquei a nenê no cadeirão do carro e disse para mim mesma: “Agora é a vida como ela é”. E fomos para casa. Bem, aí é outro capítulo.

Beijos a todos.

Um comentário:

Anônimo disse...

Me arrepiei com seu relato! Que lindo, fico toda emocionada com essas coisas, até por que é meu sonho ser mãe =)

Parabéns pela Luiza!! Um beijo
Ana Paula
email:apaulynha2@hotmail.com